quinta-feira, 5 de abril de 2012

Homilia do Bispo diocesano na Santa Missa Crismal-2012

LITURGIA DA PALAVRA:
1ª Leitura: Isaías 61, 1-3a.6a.8b-9; Salmo 88 (Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor); 
2ª Leitura: Apocalipse 1,5-8; Evangelho Segundo Lucas 4, 16-21
DOM ALFREDO SCHÁFFLER
HOMILIA NA SANTA CRISMAL
Catedral da Diocese de Parnaíba
Terça-feira Santa, 3 de abril de 2012

[Caríssimos padres,
Caríssimo Dom Rufino, bispo-emérito,]

Vós sois os sacerdotes do Senhor, 
chamados ministros de nosso Deus. (Is 61, 6a.)

Ser padre é, em si mesmo, um ato espiritual, "quer dizer que ele vive em primeiro lugar a Palavra de Deus" Bento XVI. O papa continua: padres, sede autênticos na vossa vida e no vosso ministério. Olhando para Cristo, vivei uma vida modesta, soldaria com os fieis aos quais sois enviados. Servi da todos, sede acessíveis nas paróquias  e nos confessionários, acompanhai os novos movimentos e as associações, ajudai as famílias, não vos descuideis do relacionamento com os jovens, recordai-vos dos pobres e dos abandonados. Se viverdes de fé, o Espírito Santo vos sugerirá o  que devereis dizer e como devereis servir.
Vós sois os sacerdotes do Senhor!
Pedro foi se esquentando, cuidando da própria comodidade; ele ficou ocupado para cuidar dos seus interesses pessoais quando negou de conhecer o Senhor. Pedro se sente incomodado na sua instalação.
Como alguém que não tem nada com tudo que estava passando com Jesus. Quantas vezes na história da Igreja se repetiram isso!
O Senhor Jesus recebe bofetadas diante do Sumo Sacerdote enquanto Pedro, o discípulo por excelência  está interessado no seu próprio bem estar. E quando Jesus passa pelo pátio está olhando para o Pedro. Neste olhar o Senhor deve ter pensado, tanto recebeu e não foi capaz de se colocar ao lado dele!
Na pessoa de Pedro, Cristo está vendo o rosto da Igreja quando ela está se esquecendo dele. Quando outros interesses estão sendo colocados em evidência. Mas depois Pedro está saindo para o escuro da noite, não como desesperado como Judas, mas como arrependido, derramando lágrimas.
Por isso o Senhor falou para ele: confirma os teus irmãos na fé.
Na ordenação sacerdotal nos ligamos a ele [Jesus], não como peso, mas para ser conduzido por ele e sustentado por ele. No sim da Ordenação sacerdotal fizemos esta renúncia fundamental de entregar a nossa vida à Igreja. Dia a dia precisamos cumprir este grande sim nos múltipos sim e nas pequenas renúncias.  Este sim dos pequenos passos, que juntos constituem o grande sim, só poderá realizar sem amargura, se Cristo for verdadeiramente o centro da nossa vida.
Antes da ordenação sacerdotal recebemos a ordenação diaconal, sempre devemos permanecer diáconos e pensar nesta dimensão, porque o próprio Senhor se fez nosso ministro, nosso diácono. Pensemos no gesto do lava-pés, com o qual explicitamente se mostra que o Mestre, o Senhor, é diácono e quer que quanto o  seguem sejam diáconos. Desempenhem este ministério para a humanidade.
Vós sois sacerdotes do Senhor, chamados ministros de Deus.
Homens de Deus devemos ser, isso o povo espera da gente. Quantas vezes as pessoas vão atrás de cada um de nós e pedem para rezar por eles, já que nos tem mais perto de Deus. Por isso a santidade é o segredo do verdadeiro sucesso do ministério sacerdotal.
Desde a ordenação sacerdotal fomos chamados a permanecer com o Jesus Cristo, como repete o evangelista São João -  e este permanecer em Cristo realiza-se particularmente na oração.
Uma prioridade fundamental da existência sacerdotal consiste em seu estar com o Senhor e, portanto no fato de dispor de tempo para a oração. Por isso devemos ser homens de oração.
Como é bonito quando a gente encontra, na visita pastoral em Piracuruca [23/03/2012], os homens que estão se reunindo para rezar o Terço.
A oração do sacerdote é uma exigência do nosso ministério pastoral, porque para a comunidade é imprescindível o testemunho do sacerdote orante, que proclama a transcendência e se imerge no mistério de Deus. O momento da oração é o mais importante na vida do sacerdote, aquele em que a graça divina age com maior eficácia, dando fecundidade ao nosso ministério. 
Rezar é o primeiro serviço que prestamos a comunidade que nos foi confiado.
A oração do sacerdote possui diferentes formas, antes de tudo, a santa missa cotidiana. A celebração eucarística é o maior e mais nobre ato de oração da qual brotam a liturgia das horas, o santo terço e a meditação.
O mundo anda dividido, mas como homens que realizamos a Eucaristia, como homens eucarísticos devemos ser construtores da comunhão.
[Cinquenta] anos faz que o Concílio colocou na Lumen Gentium, a Igreja como Povo de Deus, com os mais diversos ministérios e serviços. Onde os mais diversos conselhos que temos não devem ser apenas um efeito ou um staff para organizar um festejo.
Valorizar os conselhos que devem se reunir com regularidade significa colocar o Concílio Vaticano II em prática. Depois de 50 anos isso não deve ser mais uma novidade, mas uma prática permanente na vida de uma paróquia. Assim vamos suscitar um espírito de co-responsabilidade e de missionariedade.
A fé que devemos confirmar do nosso povo sempre tem uma dimensão comunitária, isso significa formar comunidades. A paróquia deve ser a comunidade de comunidades. Mas para que se possa chamar algo de comunidade deve ter necessariamente a transmissão da fé através da catequese e da celebração da Palavra de Deus.
Esta dimensão comunitária da Igreja é algo essencial. Em cada missa rezamos pela paz e unidade e comunhão. Como é bonito o testemunho de vocês nestes dias da quaresma quando os padres se juntaram nos mutirões das confissões!
É necessário que todos nós deixemos de lado as divisões estéreis, os desacordos e os preconceitos, e escutemos juntos a voz do Espírito que guia a Igreja para um futuro de esperança.
Cada um de nós sabe o quanto é importante a fraternidade sacerdotal na própria vida, ela não é apenas um bem precioso, mas também um grande recurso para a renovação do sacerdócio e o crescimento de novas vocações.
É importante ter ao redor de si a realidade do presbitério, da comunidade de sacerdotes que se ajudam, que estão juntos num caminho comum, numa solidariedade na fé comum.
O papa Bento XVI nos fala claro: Nenhum sacerdote é sacerdote sozinho, nós somos um presbitério, e só nessa comunhão com o bispo, cada um pode prestar o próprio serviço.
Todavia devemos sempre de novo como diz o Senhor, sair pelas estradas e caminhos, para pregar também àquelas pessoas que até então nunca se transmitiu o convite de Deus ao seu banquete, ouviram falar dele ou ainda não foram tocadas interiormente por ele!
A pergunta fundamental do nosso agir pastoral é como levar Deus ao mundo, aos nossos contemporâneos!
Portanto, a dimensão da vida de fraternidade sacerdotal  vivida, é o melhor testemunho de Cristo, o melhor anúncio é sempre a vida de verdadeiros cristãos...
Como pastores devemos ser anunciadores da fé, a fim de conduzir a Cristo novos discípulos.
Na ordenação nos foi entregue a Palavra de Deus para ser a alma do nosso apostolado, a alma da nossa vida sacerdotal.
O testemunho de um sacerdócio bem vivido enobrece a Igreja, suscita admiração nos fiéis, é fonte de bênçãos para a comunidade, é a melhor promoção vocacional, é o mais autêntico convite para que outros jovens também respondam positivamente aos apelos do Senhor. É a verdadeira colaboração para a construção do Reino de Deus.
Todos que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele (Lc 4, 16-21). Se procuramos ser cada vez mais ser sacerdotes do Senhor,  ministros do nosso Deus, os olhos do nosso povo vão estar também fixos na nossa pregação porque estamos falando com a autoridade e o testemunho da nossa vida.

FONTES:
E-mail de Dom Alfredo ao secretário da comunidade.

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