Dom Orani |
No Batismo celebrado naquela solene Vigília Pascal – mãe de
todas as vigílias – somos banhados na água para uma vida nova, enxertados em
Cristo Videira e herdeiros do céu. No sacramento da Crisma, já renascidos na
água, enxertados em Cristo, somos ungidos com o Espírito que nos dará a “força”
necessária para sermos enviados como entusiastas evangelizadores. Se no Batismo
somos chamados à vida cristã e ao discipulado, na Crisma somos chamados a ser
apóstolos e missionários para dar vida ao mundo, ser sal da terra, luz do
mundo, e “produzir muitos frutos, e este fruto permaneça”. (Jo 15,16)
Assim, compreendemos melhor a estreita ligação entre o
Sacramento da Confirmação à Solenidade de Pentecostes. Afinal, é em pentecostes
que a Igreja reunida celebra o dom de Deus, que é o Espírito Santo, que é Deus
com o Pai e o Filho. Não é menor e nem maior, e apesar das missões serem
distintas, em perfeita comunhão estão sempre a nos oferecer a salvação como um
dom, e a participação nos seus mistérios.
Sendo o Espírito Santo Deus, é também Espírito de Verdade,
de Alegria, de Coragem. Ora, o Espírito Santo é o Deus que nos acompanha, nos
ilumina e nos dá força, e que está presente no mais profundo de nosso ser dando
sabor às coisas do alto, fazendo-nos compreender a mensagem de Jesus.
O Espírito Santo nos concede a graça da unidade em meio a
Babel, o dom da fé e da sabedoria e nos enche de santa ciência. Por isso, Jesus
quis que todos aqueles que acreditassem Nele e quisessem seguir as suas
palavras e seus ensinamentos tivessem junto de si esse “aliado invisível”, que
fortalece e impulsiona no testemunho de Jesus Cristo Ressuscitado.
Assim, se o período pascal se inicia dando grande ênfase ao
Batismo, nada mais coerente que encerrá-lo dando ênfase ao sacramento da
Crisma, levando em consideração que o que une esses dois sacramentos é
verdadeiramente Cristo, o Ressuscitado que nesses cinquenta dias celebramos em
sua vitória sobre a morte.
Por isso, é oportuno destacar que o Rito do Sacramento da
Confirmação inicia justamente com a Renovação das Promessas do Batismo, e que
agora serão feitas não mais pelos pais e padrinhos, mas pelo próprio cristão,
agora responsável pelas respostas e assumindo como adulto sua vida católica.
Assim se refere o Concílio Vaticano II sobre o que significa
a Crisma: “pelo sacramento da Confirmação os fiéis são vinculados mais
perfeitamente à Igreja, enriquecidos de força especial do Espírito Santo, e
assim mais estritamente obrigados à fé que, como verdadeiras testemunhas de
Cristo, devem difundir e defender tanto por palavras como por obras”. (Constituição dogmática Lumen Gentium 11)
Igreja reunida, o Bispo como ministro da Confirmação, após a
renovação das promessas batismais e da oração pedindo os dons do Paráclito
sobre os crismandos, procederá à unção com o óleo dizendo: “Recebe o Espírito
Santo, dom de Deus!”. É necessário acolhermos de corações abertos esse “dom” e
consequentemente colocarmos em prática através de uma nova vida essa grande
graça. E acolher com a vida aberta, sem medo de deixar-se conduzir pelo
Espírito Santo, sempre dispostos a ir aonde Ele nos mandar!
Com a Igreja, rezemos nesses dias em que nos aproximamos da
Solenidade de Pentecostes: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos
fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor! Vinde e renovai a face da terra...
Vinde e renovai a nossa vida, o nosso coração!”
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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