“A rica e profunda religiosidade popular constitui o precioso tesouro da Igreja Católica no Continente Latino-americano. Uma religiosidade que merece nosso respeito e carinho, pois reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer”, afirma o Documento de Aparecida (n. 258).
A devoção aos santos constitui um capítulo à parte na religiosidade popular. Nosso povo tem em grande consideração os santos, de modo especial a Virgem Maria.
Um carinho e especial devoção são nutridos pelos santos celebrados em junho e cujas festas são chamadas de “festas juninas”: Santo Antonio [13 de junho], São João Batista [24 de junho] e São Pedro e São Paulo [29 de junho].
Santo Antônio, o “santo casamenteiro”, ocupa um lugar especial no devocionário de nosso povo. A cultura popular o “estigmatizou” como o grande protetor das moças casamenteiras. Sacerdote e Doutor da Igreja, Santo Antonio tem dupla nacionalidade: nasceu em Portugal (Lisboa), em 1195 e morreu na Itália (Pádua), em 1231. Foi canonizado no ano seguinte à sua morte. Por que é tão conhecido e famoso Santo Antonio? Pio XII dizia que era sobretudo pela santidade de sua vida, pelos milagres tão frequentes e pelo resplendor de sua doutrina. Chamado por Pio XII de “Doutor Evangélico” e “Arca do Testamento”, Santo Antonio é um dos santos mais populares do mundo. Muitas são as cidades, as paróquias e as pessoas que trazem o seu nome.
São João Batista, o único santo, além de Nossa Senhora, que tem duas festas: a do seu nascimento (24 de junho) e a de sua morte (29 de agosto). Primo de Jesus, teve a incumbência de preparar os caminhos do Senhor. Voz que clama no deserto, coube-lhe a honra de batizar o próprio autor do Batismo (Mt 3, 14). Denuncia o egoísmo dos ricos, as injustiças dos militares e os vícios dos reis e, por isso, é decapitado. (Mc. 6,17-29)
São Pedro e São Paulo: duas colunas da Igreja. Pedro,nasceu em Betsaida, junto ao lago de Genezaré. Irmão do também apóstolo André. Casado, segundo Mt 8, 14 (Jesus curou a sogra de Pedro). Devido ao seu trabalho, pescador, Simão Pedro era um homem rude, porém espontâneo e sincero, um homem de “altos e baixos”, negou a Jesus mas recebeu dele uma prova de extrema confiança: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus” (Mt. 16, 13-19). Pedro é sempre o primeiro na lista dos apóstolos, o primeiro a ver o ressuscitado, o primeiro nas decisões... em tudo. Foi crucificado em Roma, no ano 67. Por ter sido o 1º papa, a Igreja celebra, também neste dia, o Dia do Papa.
São Paulo, o apóstolo dos gentios, o perseguidor que se transformou no grande pregador. Fundador de muitas das primeiras comunidades cristãs, Paulo dirigiu a elas muitas Cartas, das quais quatorze são consideradas “canônicas” e fazem parte do Novo Testamento. Suas Cartas são as mais lidas de todos os tempos. Dele São Jerônimo disse: “Jamais o mundo verá outro homem da envergadura de São Paulo”. Nasce em Tarso. Romano por nascimento, judeu de raça e de religião, fariseu zeloso com sólida formação na escola de Gamaliel. Sua conversão aconteceu às portas de Damasco e sua queda do cavalo passou a ser símbolo de toda conversão (At 9, 4)
As festas juninas são celebradas com muito entusiasmo pelo nosso povo. As famosas “fogueiras”, as danças denominadas “quadrilhas”, os fogos de artifício, a reza do terço, o quentão e a pipoca (propícios para o mês de junho – mês do frio) constituem parte de nosso folclore e nem por isso perdem o seu colorido religioso e, por isso mesmo, fazem parte da religiosidade popular.
Dom Paulo Sérgio Machado
Bispo Diocesano de São Carlos-SP
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