Evangelho: João 6,1-15.
Compaixão para servir os pobres e
necessitados
Jesus sabe que
o caminho dos homens é longo e que eles são fracos. Podem desfalecer enquanto
caminham pelo mundo afora. É o que vemos no Evangelho de hoje: Jesus tem
compaixão daquele povo que já estava cansado e com fome. Assim, compadecido em
despedi-los neste estado, realiza o portentoso milagre da multiplicação dos
pães.
A multidão
seguia Jesus, “porque via os sinais que Ele operava a favor dos doentes”.
No entanto, o Senhor tinha para com eles um zelo e um olhar de quem via todas
as suas necessidades. Assim foi que, logo ao enxergar a multidão que vinha ao
Seu encontro, Cristo lembrou-se de que eles deveriam estar com fome e
precisavam se alimentar. Jesus aproveitava todas as oportunidades para instruir
os Seus discípulos e para dar testemunho da bondade do Pai. Por isso, Ele os
punha à prova a fim de medir a generosidade daqueles que caminhavam com Ele.
O Senhor sabia
que a multidão faminta não poderia aprender os mistérios do Pai e, ao mesmo
tempo, exercitava os Seus discípulos a não se omitirem diante dos desafios e a
se colocarem sob a Providência Divina: “Onde vamos comprar pão para que
eles possam comer?”
Assim foi que
– questionados sobre o que teriam de fazer – apareceu André que lhe deu a
notícia de alguém que tinha cinco pães e dois peixes. São lições que, hoje,
servem para a nossa vida: Como alimentar tanta gente tendo tão pouco? O que
fazer? O que pensar? Desistir, resmungar, murmurar?
“Fazei sentar
as pessoas”, diz Jesus. O que isto pode significar para nós? Quando nos
sentamos em família e em comunidade, colocamos o pouco que temos nas mãos de
Deus e juntamos os nossos poucos dons e os oferecemos ao Senhor, o milagre
acontece. Cada um de nós tem seu papel no diálogo, na compreensão, na
serenidade, na partilha do amor. Quando nos colocamos nas mãos do Pai e nos
dispomos a partilhar o que temos, com amor, Ele multiplicará Suas graças de
provisão e nunca nos faltará nada.
Você tem
vivido isso na sua família? Já percebeu, na sua casa, o que cada um tem para
oferecer? Costuma sentar-se para fazer uma avaliação das suas possibilidades
colocadas nas mãos de Deus? E o que é feito do milagre? Ele já aconteceu? Todo
milagre é possível, porque Jesus se despiu de Sua glória, tornou-se ser humano
e habitou entre nós.
Vemos, neste
texto, que Jesus estava sempre próximo da multidão, dando-lhes acesso por meio
de Sua convivência na sociedade. Jesus vivia no meio do povo: religiosos e
pecadores, fariseus, sacerdotes, prostitutas, romanos, samaritanos, judeus,
fenícios, ricos, pobres, fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de
impostos, militares, pescadores, revolucionários, leprosos, cegos, aleijados,
loucos, possessos, homens e mulheres.
Jesus
encontrava as pessoas onde elas estavam: seja um cego à beira da estrada, uma
mulher no poço, um agiota desiludido caminhando. Ele sempre aceitava o convite
para passear, jantar, ir à casa dos outros, conhecer uns amigos, visitar
doentes, ler a Bíblia, beber um copo de vinho numa festa etc. Assim, você deve,
hoje, “sair do templo” e conviver com as pessoas. Vá ao encontro delas, porque
você precisa ser o milagre entres os povos.
Este era o
contexto, anterior ao milagre da multiplicação de pães e peixes, ao qual Jesus
estava inserido: a) O dia havia sido exaustivo; b) Jesus recebe a notícia do
assassinato de João Batista; c) Ele sabe que Herodes perguntava por Ele.
O Senhor respirava ameaças de morte. d) Ele recebe Seus discípulos contando
tudo que tinham feito e ensinado, após serem enviados dois a dois. e) Jesus não
teve tempo de almoçar nem de descansar. f) Mas, diante da multidão necessitada,
reviu Sua agenda. Ele permitiu que a necessidade do povo carente se impusesse à
d’Ele.
A compaixão
venceu o luto, a ameaça de morte, o cansaço e a fome. A compaixão é o
instrumento de Deus para nos fortalecer, para servir os pobres e os
necessitados. Fuja do ativismo religioso que prioriza templo, coisas,
programações. Priorize sempre as pessoas.
“Quem não
serve para servir, não serve para viver”. Pregue o Evangelho para todo mundo.
Para falar de amor, eu tenho de aprender a repartir o pão, chorar com os que
choram e me alegrar com os que se alegram.
Lembro-lhe que
o serviço acontece como uma ponte que liga a Palavra do Evangelho anunciada e a
necessidade humana. E nós, discípulos de Cristo, somos os construtores dessa
ponte para transformar vidas e salvar almas.
Padre
Bantu Mendonça
FONTE: Canção Nova.
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