Boa reflexão para os cristãos-cidadãos da cidade de Parnaíba. Leia:
Passadas as eleições a consciência cidadã é desafiada a
considerar que está terminada a etapa da campanha eleitoral, anunciados os vitoriosos
e iniciada a fase que marca o próximo quadriênio. Esta etapa é tão, ou mais
importante quanto a que culminou com a ida as urnas. Os eleitores tem o direito
e o dever de acompanhar o desempenho dos seus representantes no Executivo e no
Legislativo.
Este acompanhamento é uma participação cidadã de alta importância. Os eleitos estão, nem é necessário dizer, a serviço da sociedade civil. Configurada no seu tecido pelos eleitores, a sociedade tem um valor considerável, de modo que a comunidade política, constituída pelo voto, está a serviço dela.
Fase pós-eleitoral
Este acompanhamento é uma participação cidadã de alta importância. Os eleitos estão, nem é necessário dizer, a serviço da sociedade civil. Configurada no seu tecido pelos eleitores, a sociedade tem um valor considerável, de modo que a comunidade política, constituída pelo voto, está a serviço dela.
A sociedade civil, enquanto universal, é a guardiã e
destinatária do bem comum com a obrigação e o dever de exigir respeito na
medida do direito de cada cidadão. A comunidade civil não pode, portanto, ser
considerada, como um apêndice ou uma variável da comunidade política. A civil
tem preeminência sobre a política. Sua justificação é o serviço prestado aos
cidadãos, todos na construção de uma sociedade justa, solidária e depositaria
de valores. A referência é aos valores relacionais, morais, éticos e de
abertura a transcendência. Aqui se localiza o lugar educativo e de imprescindível
contribuição que a Igreja Católica tem direito e obrigação de oferecer.
A comunidade política não é a fonte única e inesgotável na
definição de valores que se constituem como parâmetro e critério para a sua
orientação. Quando se pensa, por exemplo, a respeito de ideologias políticas
individualistas, totalitárias e relativistas, no que concerne aos valores
morais, a comunidade política precisa de instâncias de confronto que lhe podem
dar novos rumos. Não se trata da constituição de bancada, por exemplo, na
câmara municipal, com qualificação confessional, muitas vezes para atender a
interesses de tipo cartorial. Trata-se de um indispensável confronto e presença
propositiva à consciência de representantes eleitos, para que esses não se
sustentem apenas no ideário ideológico de seus partidos, e nem apenas de modo
individualista do tecido de sua própria consciência que precisa, é claro, ser
bem permanentemente formada na direção do respeito à vida e na gestão do que é
o do bem comum.
O Papa Bento XVI conclamou os bispos, na sua tarefa de
ensinar, a formar a consciência moral do povo e esclarecer com veemência a
doutrina moral iluminando escolhas e discernimentos no âmbito da política, para
garantir rumos adequados e inequívocos quanto ao respeito à vida, desde a
fecundação até a morte natural, assim na priorização da infraestrutura e
erradicação da miséria.
Não se pode considerar que este período pós-eleitoral significa
um silêncio ou um acompanhamento de desfechos. A fé professada com sinceridade,
ancorada em referências éticas, alimenta-se de uma fonte indispensável ao
exercício desse serviço prestado pela comunidade política.
O momento está exigindo e é propício para que se alcance, com
mais rapidez, conquistas na infraestrutura, erradicação da miséria avanços na
ciência, tecnologia, economia e educação, e ainda respeito à liberdade
religiosa promoção de valores humanos, morais.
A fé cristã tem, pois, importante tarefa, também agora depois
das Eleições. Enquanto que temos famílias que sobrevivem do lixo que nós
jogamos fora, não podemos dizer que já se resolveu o mais elementar da
dignidade das pessoas da nossa cidade.
Firme na fé e fiquem com Deus.
+ Alfredo Scháffler
Bispo de Parnaíba-PI
Fonte: Diocese de Parnaíba
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