Por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica,
Bispo de Parnaíba
Saúdo todas as pessoas unidos
na fé e na boa vontade, os padres e religiosos(as), os nossos catequistas

O Santo Padre Francisco
lançou a Bula “Misericordiae Vultus” que podemos traduzir como: o rosto da
misericórdia do Pai é Jesus Cristo. Recomendamos vivamente a leitura atenta
deste documento. Aí vamos encontrar as grandes motivações para a celebração deste
Ano Santo extraordinário.
O Ano Santo, ou Jubileu, é um
tempo propício para nos voltarmos a Deus de todo coração, a fim de louvá-lo e
agradecê-lo com alegria pelas graças recebidas. É também um tempo favorável
para acolher graças especiais de Deus, através do serviço da Igreja.
Sempre devemos lembrar que
toda nossa vida e toda a história da humanidade estão sob o signo da misericórdia
de Deus que se manifestou por meio de Jesus Cristo.
Um dos motivos desse Ano
Santo é a celebração de 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II que proporcionou
uma nova primavera à nossa Igreja. O então Papa, São João XXIII na abertura
falou “que era chegado o tempo em que a Igreja devia usar, mais que o bastão da
severidade, o remédio da misericórdia, para chegar a todas as pessoas e levar a
todos a Boa Nova da salvação. Porque o Evangelho é sempre o anúncio da misericórdia
de Deus para os homens de todos os tempos”.
O Papa Francisco nos quer
lembrar que todos somos filhos da misericórdia de Deus e, sem ela, não seriamos
ninguém, como se não existíssemos. Por que Deus é AMOR. O agir de Deus para
conosco é, acima de tudo, orientado pelo seu amor misericordioso de Pai, e pela
ternura e compaixão. Deus ama a todos, mas volta-se preferencialmente para os
pequenos e humildes, para os que sofrem, para os contritos de coração e para os
que buscam seguir seus mandamentos.
Jesus Cristo foi atrás das
pessoas doentes, pobres, sofredoras de todo tipo, pessoas discriminadas,
rejeitadas e condenadas pela sociedade e até pela religião, pecadores públicos,
como a pecadora arrependida, Zaqueu, o ladrão arrependido. Percebemos que Jesus
testemunhou no seu agir constantemente a misericórdia de Deus. Por isso, ele
afirma “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes”. Ide,
pois, e aprendei o que significa: misericórdia que quero, e não o sacrifício.
Com efeito, eu não vim chamar justos, mas pecadores (Mt 9,12-13).
As parábolas da misericórdia
retratam bem o coração misericordioso de Deus para com a humanidade: o filho
pródigo pode confiar no perdão do seu pai e lançar-se no seu abraço (Lc
15,11-32); a ovelha perdida é preciosa ao coração do Bom Pastor da humanidade,
que a procura e a resgata com toda ternura (Lc 15,1-7); a moedinha perdida e reencontrada
deixa de ser motivo de festa no céu (Lc15, 8-10); o exemplo do “Bom Samaritano”
da humanidade, que se inclina sobre nossas misérias e nos trata com todo o cuidado
e carinho (Lc10,29-37).
A pessoa soberba, cheia de
si, pensa ser melhor que as demais e que não precisa dos outros. Pensa
bastar-se a si mesma e despreza as fraquezas dos imperfeitos e necessitados de
ajuda. O soberbo pensa que não precisa de Deus, nem de religião, nem de perdão,
nem de mão estendida. Pensa que a misericórdia é para os fracos e não para o
“super homem” que se coloca no lugar de Deus. Quanta vontade de ser “super”
existe hoje, sem a aceitação dos próprios limites. Quantos esforços para
preencher, com mais vazio, o vazio da vida. A soberba da vida leva à frustração
e pode levar à destruição, não apenas de si mesmo; mas, também, dos outros e do
mundo.
Todos nós já fomos
beneficiados tantas vezes pela misericórdia de Deus, que não tem limites.
A misericórdia de Deus está
no centro do Evangelho, como recordou o Papa Francisco na Bula, ninguém pode
viver sem ela, se quiser ser livre e ter a alegria na vida. Por isso, toda
comunidade cristã precisa constantemente renovar-se na misericórdia de Deus.
Assim, a pregação da Igreja não pode ser animada por nenhuma atitude soberba, esquecida
de que ela também é agraciada pela misericórdia do Pai, que se manifestou no
amor do Filho.
A Igreja é a “embaixadora” da
misericórdia de Deus para o mundo (2Cor.5,20). A misericórdia de Deus não é
algo distante e ideal, mas torna-se próxima e acessível através do ministério
da Igreja, que recebeu de Jesus o poder de perdoar os pecados e de reconciliar
com Deus e consigo mesmo todos os pecadores que têm um coração contrito.
Esperamos que as portas das
nossas igrejas estejam abertas. Uma Igreja cujas portas permanecem fechadas,
tornam-se museus, recorda-nos o Papa Francisco.
Assim, peço que durante o Ano
Santo as paróquias e todas as Igrejas estejam abertas para a visitação e a
oração. Marquem-se de forma visível os horários para atender as confissões dos
fiéis. Que todos os tempos fortes: Advento, Quaresma e as festas dos Padroeiros
das paróquias, assim como também as romarias e peregrinações sejam momentos
privilegiados para oferecer ao povo de Deus este serviço.
Cada paróquia procura organizar
um serviço da misericórdia como as visitas aos doentes e as pessoas impossibilitadas
de se deslocarem à Igreja para que sejam visitadas e confortadas com a oração,
a leitura da Palavra de Deus e também a ajuda solidária concreta, onde isso se
fizer necessário.
Vamos recuperar a nobre
prática recomendada pelo mestre: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão
misericórdia” (Mt 5,7). A prática da misericórdia deve ser uma das marcas da
vida cristã, sem ela, não seremos reconhecidos como filhos do Pai celeste. O
Papa Francisco lembra que “a credibilidade da Igreja passa pela via do amor
misericordioso e compassivo”.
O Ano Santo da Misericórdia
nos indica novamente que o caminho da vida cristã que passa pelo perdão e pela
reconciliação, que somos chamados a ser como o Bom Samaritano e a nos
encarregar dos feridos, dos caídos, dos enfraquecidos e dos irmãos, mesmo desconhecidos,
que passam por mil dificuldades ou vivem em situação de risco. O cristão deve
ir além da mera justiça e praticar a misericórdia. Jesus nos ensina como deve
ser a atitude: não julgar, não condenar, ser generosos, sem medida, fazer o bem
até a quem nos faz o mal (Rm 12, 21).
O sucessor de Pedro, o nosso
querido o Papa Francisco, nos convida a refletir e praticar as obras da misericórdia
corporal e espiritual: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem
sede, visitar os encarcerados, assistir os doentes, vestir quem está sem roupa,
abrigar quem está sem casa, sepultar os mortos. Naturalmente, a “fantasia da
caridade” nos indicará muitas outras maneiras sobre como praticar essas obras
de misericórdia.
As obras de misericórdia
espirituais são: consolar os aflitos, orientar os desorientados, ensinar os que
ignoram, admoestar os que erram, perdoar as ofensas, suportar com paciência as
injustiças, rezar a Deus pelos vivos e os falecidos. Quero lembrar, que em
nenhum dia devíamos passar sem praticar algo destas obras.
O Papa convida a dar atenção
especial a todos os que vivem nas mais variadas “periferias existenciais” do
mundo contemporâneo. Vamos olhar ao nosso redor se não existem situações de
precariedade, solidão, dor, luto e angústia. Quantas feridas para serem lavadas
e enfaixadas e quanta indiferença a ser vencida.
Para uma melhor vivência, do
Ano Santo da Misericórdia, propomos:
- No dia 15 de dezembro vamos
celebrar solenemente a abertura da Porta Santa da Misericórdia na nossa Igreja
Catedral, quando convidamos as representações das paróquias para este momento
solene.
- A abertura nas paróquias
aconteça no dia 20 de dezembro de 2015.
- Cada paróquia deve promover
o estudo da Bula da Misericórdia e incentivar que as comunidades, grupos,
pastorais, serviços e todos os organismos eclesiais conheçam, e vivam este Ano
Santo;
- Todas as paróquias devem
realizar a iniciativa 24 horas, seja a nível de zonais na própria paróquia;
- Que em todos os festejos
seja refletido o tema da Misericórdia;
- Que o Domingo da Misericórdia
seja celebrado nos zonais;
- Todas as paróquias
participem da Romaria para Piracuruca no dia 23 de abril de 2016, onde haverá o
Dia Santo da Misericórdia (oficinas, confissões, tendas com exposição das relíquias,
celebração).
- O encerramento a nível de
Diocese será no dia 05 de novembro de 2016, sábado, durante a Assembleia Diocesana
de Pastoral, na Catedral.
- Toda paróquia realize o
encerramento no dia 20 de novembro de 2016.
Que seja lida nas missas
dominicais e registrado no livro tombo.
1º Domingo do Advento de 2015.
+ Alfredo Schaffler
Bispo de Parnaíba
Fonte: Diocese de Parnaíba (Com adaptações)
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