Neste domingo celebramos o Dia dos
Pais! Dentro da comunidade família, o pai é chamado a viver o seu dom. Os pais
são planos de Deus para a família. Esta comemoração, que veio através da
sociedade civil, nos ajuda a valorizar no âmbito religioso a vida familiar.
Apesar da exploração comercial deste dia, a Igreja no Brasil, neste mês
vocacional, recorda a vocação à vida em família. Por isso mesmo começamos a
viver também nesse dia a Semana Nacional da Família.
Hoje, ultrapassamos a ideia do
chamado pai provedor, enquanto ele é capaz de trabalhar, até arduamente, para
abrigar sua família, colocar comida na mesa e pagar as contas no final do mês.
A paternidade começa no compromisso de vida do marido para com sua esposa,
baseando-se no amor desinteressado e generoso.
Os filhos e filhas devem reconhecer
no pai a presença do amor, da escuta e do apoio oportuno para o seu
crescimento, para se tornarem pessoas com conhecimento dos seus direitos e
responsabilidades; o apoio para alcançar a auto-estima, a autêntica autonomia e
independência e também para compartilhar e celebrar os seus sucessos, e dar
conforto quando confrontado com o fracasso.
O que conta para o cristão é a forma
como o Pai orienta seus filhos para Jesus Cristo, e qual o papel de modelo de
fidelidade de valores ele realmente quer apresentar no seio de sua família.
Neste sentido, o pai é chamado a
assegurar o desenvolvimento harmonioso e de união entre todos os membros da sua
família. Deve partilhar com a esposa a formação dos filhos.
Podemos afirmar que a paternidade é
própria de uma verdadeira espiritualidade da família. Deus é a fonte da vida e
do amor em que a família vive no mundo de hoje. O saudoso Papa Paulo VI já nos
recordava na Encíclica Humanae Vitae que o casamento “não é efeito do acaso ou
do produto da evolução de forças naturais inconscientes: é uma instituição
sapiente do Criador para realizar na humanidade o seu desígnio de amor (HV 8).
Daí que, na missão de pai, este é
convidado a frutificar e ter a vida ao máximo, exercendo sua função específica
biológica e psicológica no contexto da família.
Poderíamos dizer que a missão do Pai
é uma vocação, em última instância, do próprio matrimônio. Este significa,
antes de tudo, a união de uma pessoa com todos os seus valores e tudo o que
deve representar a medida de sua própria dignidade. Todo homem e toda mulher
deve doar-se mutuamente em dom sincero de si, através das expressões de sua
masculinidade e de feminilidade, o que transpassará certamente para o seu
relacionamento com os filhos que virão de sua união.
A família é sempre desafiada com
variados problemas urgentes, que são, na verdade, provocados pelas tendências
de sua secularização.
Neste contexto, surge o conceito de
Pai como serviço no amor. Novamente nos adverte Paulo VI: “na tarefa de
transmitir a vida, os pais não são livres para procederem à vontade, como se
pudessem determinar, de forma totalmente autônoma, as vias honestas a seguir,
mas devem conformar a sua atividade de acordo com a intenção criadora de Deus,
expressa na própria natureza do matrimônio e de seus atos”.
A criança não pode exercer certas
fases de sua maturidade psicológica sem a ajuda paterna, que a ajude a ousar e
a enfrentar as adversidades da vida. O pai educa principalmente pela sua
conduta pessoal, que consigo também carrega os seus variados aspectos da
masculinidade do ser humano. Os filhos e filhas olham para a figura paterna
muito mais do que apenas como uma extensão de seus conhecimentos limitados.
Olham para seus gestos, suas expressões e para o seu testemunho. Procuram neste
um valor e um sentido de suas vidas, que encontrarão, certamente, na realidade
das coisas, na vida que se apresentará diante deles, um dia.
Em suma, a paternidade é um “link” para as consciências dos filhos, que os orienta na condução moral e nos princípios éticos de suas existências.
Em suma, a paternidade é um “link” para as consciências dos filhos, que os orienta na condução moral e nos princípios éticos de suas existências.
Roguemos, hoje, a São José, como
modelo de pai que abraçou por inteiro as suas responsabilidades, ressaltando a
sua firmeza e sua perseverança, confiando sempre em Deus e no seu plano.
Quantos pais estão diante das frustrações da procura por emprego, ou de desejo
de dar o melhor pela sua família, sem poder fazê-lo!
São Bento, grande mestre da
espiritualidade, diz que o abade de um mosteiro tem que mostrar a atitude dura
de um mestre e a ternura de um pai. O mesmo deveria se aplicar aos pais de
família. Devem ser tanto carinhosos com seus filhos, enquanto agem com firmeza
em sua educação.
Que a Semana Nacional da Família,
ecoando o tema do Encontro Mundial das Famílias com o Papa, neste ano, em
Milão, “A família, o trabalho e a festa” nos ajude a apresentar a beleza da
vida em família cristã que procura ouvir a voz de Deus e colocar em prática a
Sua Palavra.
Eis um belo momento de apresentar ao
mundo a importância e a necessidade das famílias cristãs e a proposta de sua
presença na sociedade!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São
Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Fonte: Rádio Vaticano.
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