Ao longo do mês da Bíblia somos convidados a uma leitura mais assídua da Palavra de Deus. São Tiago recomenda receber com humildade a Palavra que em nós foi implantada e que é capaz de salvar as nossas almas. Não basta, porém, sermos meros ouvintes da Palavra, enganando-nos a nós mesmos, mas praticantes da Palavra (cf. Tg 1, 21-22). É a Palavra que nos salva. Mas para isso é necessário pô-la em prática como expressão de vida no amor. Não basta conhecer e saber o Evangelho; é preciso convertê-lo e transformá-lo em vida. Temos de ser terra boa, bem preparada, adubada, onde a Palavra do Senhor enraíza e cresce.
A Palavra de Deus é amor. Quem ama, cumpre e vive a Palavra. Quem se aproxima dos pobres e dos mais necessitados e se compadece dos aflitos e sofredores, é praticante da Palavra, agrada aos olhos e ao coração de Deus.
A Palavra de Deus é vida e ação. Quando a Palavra de Deus tiver produzido o seu fruto, voltará à nascente, cumprida a missão. Só será plenitude e perfeita compreensão, quando se tiver cumprido em nós (cf. Is 55, 10-11).
Deus quer a salvação de todo ser humano, e o mundo inteiro é terra boa dos seus cuidados. Por isso, mandou profetas a preparar caminhos e, chegada a plenitude dos tempos, enviou o seu próprio Filho (Gl 4, 4), divina semente, Palavra de vida eterna. Não há terreno duro onde o Senhor não lance a semente. Preocupações, riquezas e cuidados podem sufocar a Palavra, mas o amor misericordioso do Pai não rejeita nenhum de seus filhos e filhas. A nossa mediocridade e lentidão de inteligência (cf. Lc 24, 25) não impedem a mão de Deus.
A alma que lesse a Palavra sem a preocupação de vivê-la e pôr em prática sua mensagem, morreria de sede à beira da fonte de água viva. Portanto, redescubramos a maravilha da Palavra de Deus, que é “viva, eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes” (Hb 4, 12). Redescubramos sua eficácia no próprio coração da Igreja, na sua liturgia e na oração, na evangelização, na vida pessoal e comunitária...
Feitos discípulos(as) missionários(as) de Cristo, poderemos experimentar o sabor da Palavra de Deus (cf. Hb 6, 5), vivendo-a na comunidade eclesial e anunciando-a aos corações acolhedores. A Palavra do Senhor seja nossa alegria diária. Recomenda-se aos “servos da Palavra” no trabalho da evangelização a leitura orante da Palavra de Deus, caminho seguro para um salto de qualidade na vivência da fé e do amor.
A leitura meditada e rezada da Palavra leva a um encontro vital e transformador com Cristo, tornando-nos discípulos(as) e servidores(as) da Palavra de Deus na missão da Igreja. Aliás, a “Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela” (Bento XVI, Exortação Ap. “Verbum Domini”, 3). Quais filhos e filhas desta Igreja, somos enviados para anunciar a todos a Palavra que é Cristo. Tendo-a escutado, respondamos “com a obediência da fé” (cf. Rm 1, 5; 16, 26) e “o ouvido do coração”, a fim de que as nossas palavras, opções e atitudes “sejam cada vez mais uma transparência, um anúncio e um testemunho do Evangelho”, e vivamos por Ele (cf. 1 Jo 4, 9)” (CNBB, Doc. 97, n. 92).
A exemplo de Maria Santíssima, vivamos a plena obediência da fé em sintonia com a Palavra de Deus.
Escutando a Palavra com o ouvido do coração, cresceremos na fé, na esperança e no amor.
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