O Papa Francisco presidiu, na tarde deste sábado (11/04), na Basílica Vaticana, as Primeiras Vésperas do Domingo da Divina Misericórdia, por ocasião da convocação oficial do Jubileu extraordinário da Misericórdia [que havia sido anunciado em 13 de março passado].
A cerimônia teve início no átrio da Basílica Vaticana, diante da ”Porta Santa”, com a entrega da Bula “Misericordiae Vultus” (“O rosto da Misericórdia”) aos quatro Cardeais-Arciprestes das Basílicas papais de Roma. O Regente da Casa Pontifícia, Mons. Leonardo Sapienza, leu, na presença do Papa Francisco, alguns trechos do Documento oficial de convocação do Ano Santo extraordinário da Misericórdia.
O longo documento divide-se, a grosso modo, em três partes. Na primeira, o Papa Francisco aprofunda o conceito de misericórdia e explica o porque da escolha da data de início em 8 de dezembro, Solenidade de Maria: “para não deixar a humanidade sozinha à mercê do mal” e por coincidir com o 50º aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, que que derrubou as muralhas, “que por muito tempo, mantiveram a Igreja fechada em uma cidadela privilegiada”. “Na prática – disse o Papa – todos somos chamados a viver de misericórdia, porque conosco, em primeiro lugar, foi usada a misericórdia”.
Na segunda parte, o Santo Padre oferece algumas sugestões práticas para celebrar o Jubileu, como realizar uma peregrinação, não julgar e não condenar, mas perdoar e doar, permanecendo afastado das fofocas e das palavras movidas por ciúmes e invejas, tornando-se “instrumentos de perdão”; abrir o coração às periferias existenciais, realizar com alegria obras de misericórdia corporal e espiritual e incrementar nas dioceses a iniciativa de oração e penitência “24 horas para o Senhor”, entre outros.
Por fim, na terceira parte, Francisco lança alguns apelos contra a criminalidade e a corrupção - dirigindo-se aos membros de grupos criminosos e aos corruptos; exorta ao diálogo inter-religioso e explica a relação entre justiça e misericórdia. A Bula se conclui com a invocação a Maria, testemunha da misericórdia de Deus.
Como expressão do seu desejo, de que o Ano Santo extraordinário da Misericórdia seja celebrado em Roma e em todo o mundo, o Papa Francisco entregou uma cópia da Bula também ao Prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet; ao Prefeito da Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni e ao Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri. Como representante de todo o Oriente, o Santo Padre entregou ainda uma cópia do documento ao Arcebispo de Hong-Kong, Dom Sávio Hon Tai-Fai, Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos. O continente africano foi representado pelo Arcebispo do Benin, Dom Barthélemy Adoukonou, Secretário do Pontifício Conselho para a Cultura. O documento foi entregue, enfim, ao Mons. Khaled Ayad Bishay, da Igreja Patriarcal de Alexandria dos Coptas.
Após a leitura do Documento oficial de convocação do Ano Santo extraordinário da Misericórdia, o Pontífice presidiu à celebração das Primeiras Vésperas do II Domingo da Páscoa, dedicado à Divina Misericórdia.
A Bula de convocação do Jubileu extraordinário da Divina Misericórdia, que será exposta nas Porta das Basílicas, indica os tempos, as datas de abertura e encerramento, e as modalidade principais do desenvolvimento.
O documento de convocação do Ano Santo da Misericórdia constitui um documento fundamental para reconhecer o espírito, com o qual é convocado, as intenções e os frutos esperados pelo Papa Francisco.
Durante as Vésperas, na homilia, o papa explicou por que decidiu antecipar em dez anos a convocação de um novo Jubileu.
Foco no essencial
"Simplesmente porque a Igreja é chamada, neste tempo de grandes mudanças epocais, a oferecer mais vigorosamente os sinais da presença e proximidade de Deus. Este não é o tempo para nos deixarmos distrair, mas para o contrário: permanecermos vigilantes e despertarmos em nós a capacidade de fixar o essencial", disse o Papa.
Francisco ainda advertiu: "É o tempo para a Igreja reencontrar o sentido da missão que o Senhor lhe confiou no dia de Páscoa: ser sinal e instrumento da misericórdia do Pai (cf. Jo 20, 21-23). Por isso o Ano Santo deverá manter vivo o desejo de individuar os inúmeros sinais da ternura que Deus oferece ao mundo inteiro, e sobretudo a quantos estão na tribulação, vivem sozinhos e abandonados, e também sem esperança de ser perdoados e sentir-se amados pelo Pai".
Ao lado dos que sofrem
O Papa refletiu ainda como deverá ser vivido o Jubileu. "Um Ano Santo para sentirmos intensamente em nós a alegria de ter sido reencontrados por Jesus, que veio, como Bom Pastor, à nossa procura, porque nos tínhamos extraviado. Um Jubileu para nos darmos conta do calor do seu amor, quando nos carrega aos seus ombros e nos traz de volta à casa do Pai".
Aqueles que se colocarem no caminho do Senhor e abrirem seus corações à luz do Cristo, poderão, conclui o Papa, ser "transformados pela sua misericórdia para nos tornarmos, também nós, testemunhas de misericórdia. Eis o motivo do Jubileu: porque este é o tempo da misericórdia".
Clique aqui para ler a homilia na íntegra.
FONTES: Rádio Vaticano 1 | Rádio Vaticano 2 [com Adaptações]
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