Abaixo, leia uma breve, mas excepcional, catequese sobre as "Nossas Senhoras". Muito bom!
Os muitos nomes e faces de uma só Mãe do Céu
Dia desses Alexandre (O Catequista) e eu estávamos participando de um encontro do de jovens, o JOLEO, numa escola que fica aos pés da famosa Igreja de Nossa Senhora da Penha. Na abertura, um dos organizadores dedicou o evento a Nossa Senhora de Fátima. Ao ouvir isso, eu comentei com os amigos próximos:
– Como assim?! Nossa Senhora da Penha vai ficar chateada!
Eu estava de zoeira, é claro! Virgem “da Penha” e Virgem “de Fátima” são apenas modos diferentes de chamar a mesma Mãe de Deus.
E não é só com Maria de Nazaré que isso acontece: uma mesma pessoa pode ser conhecida por diversos nomes, que variam muito em função de cada um dos grupos com os quais ela se relaciona. Tais nomes, muitas vezes, surgiram de episódios marcantes da sua vida.
Vamos tomar o exemplo de uma pessoa comum, um sujeito fictício. Gustavo Larusso é o seu nome, porém…
…seus familiares o chamam de Kiko, pois seu sonho quando criança era ter uma bola quadrada;
…os colegas de trabalho o conhecem como Dr. Larusso;
…os companheiros de pelada o chamam de Tavinho Caolho (a pontaria dele não é das melhores);
…os ex-colegas da escola o chamam de Guga CDF, pois ele era os mais estudioso da turma.
Entenderam? Vejamos agora como surgiram alguns dos títulos de Nossa Senhora.
Episódios da vida de Maria
Pietá |
Para fazer memória de determinados acontecimentos da vida de Maria, o povo a chama por algum nome relacionado a esses acontecimentos. Exemplos:
- Nossa Senhora da Imaculada Conceição – título que lembra que a Virgem foi preservada do pecado original desde o primeiro momento de sua existência (a sua “conceição”, ou concepção).
- Nossa Senhora do Leite – lembra que a Mãe não só foi digna gestar, mas também de amamentar o Filho de Deus;
- Nossa Senhora das Dores – lembra que a Virgem sofreu com a Paixão e Morte de seu Filho, conforme a profecia de Simeão;
- Nossa Senhora da Piedade – lembra o momento de profunda dor da Mãe com Jesus morto em seus braços; a imagem mais famosa dessa devoção é a fabulosa escultura “Pietá”, de Michelangelo (foto acima).
Aparições marianas
Muitos títulos de Nossa Senhora tiveram origem em suas aparições milagrosas. Então, o seu nome faz referência à aparição da Virgem em determinado local, em determinado tempo e trazendo uma determinada mensagem. Exemplos: Nossa Senhora de Lourdes [França], de Fátima [Portugal], de Garabandal [Espanha], de Kibeho [Ruanda], de Akita [Japão] etc.
Imagens milagrosas
N. Sra. da Conceição "Aparecida" |
Alguns ícones ou esculturas da Virgem Maria são especiais pelos eventos históricos ou milagrosos que a cercaram. É o caso de Nossa Senhora Aparecida: ao jogar as redes no Rio Paraíba, alguns pescadores encontraram a cabeça e, depois, o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. O povo passou a chamar a imagem que “apareceu” de Nossa Senhora da Imaculada Conceição… Aparecida!
Comentários de santos
Os escritos de santos sobre a Santa Virgem por vezes inspiraram o surgimento de títulos marianos. Esse é o caso da devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós.
Em 1700, o artista alemão Johann Schmidtner se propôs a pintar uma imagem da Virgem. Resolveu tirar a sua inspiração de Apocalipse 12,1 – que cita a mulher com a lua embaixo de seus pés – e de um escrito de um padre da igreja primitiva, Santo Ireneu de Lyon: “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva atara com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé”.
A pintura de Schmidtner ficou tão bela, digna e inspiradora, que acabou por dar origem e popularizar o título de Maria “Desatadora dos Nós”. Muito afeiçoado a essa devoção mariana, o Papa Francisco falou sobre ela em 2013 (veja aqui).
Uma mãe de muitos nomes, e também de muitos rostos
Bem sabemos que a Jesus e Sua Mãe eram judeus. Sendo assim, seus traços físicos seguiam as características próprias desse povo.
Porém, quando os artesãos e artistas de todos e tempos e lugares produzem uma imagem de Jesus ou de Sua Mãe Santíssima, é natural que façam isso de acordo com a sua cultura. Assim, os artistas europeus produziram lindas Madonnas de pele e olhos claros; os povos orientais, por sua vez, pintaram Jesus e Maria de olhos puxados, com trajes típicos do Oriente; e até mesmo a imagem da Virgem de Guadalupe (que não foi feita por mãos humanas) nos mostra uma bela Senhora mestiça, com traços europeus e indígenas.
Essa variação nos traços, cor da pele, cabelos e vestimenta é muito positiva, e faz parte do processo de inculturação da fé.
Seja qual for o título com o qual a chamemos, o importante é que façamos parte do povo que cumpre a PROFECIA BÍBLICA, registrada na oração do Magnificat: “me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1, 48).
Fonte: A Catequista | 24/09/2014
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