domingo, 13 de novembro de 2011

Reflexão sobre a liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum (Ano A)

Liturgia da Palavra:
Pr 31,10-13.19-20.31-31; Sl 127 
1Ts 5,1-6 ; Mt 25,14-3


    Eis uma reflexão do Pe. Cesar Augusto dos Santos, S.J. no site da Rádio Vaticano:
    A primeira leitura nos faz o elogio da mulher ideal. Ela transmite ao seu marido paz, serenidade e harmonia. Ela não restringe suas preocupações ao marido e aos filhos, mas como sede do amor, se preocupa com todas as pessoas, especialmente com aquelas que estão sob seu teto, como os empregados e afins. Ela é generosa para com os pobres e os socorre.
    Por outro lado ela é profundamente religiosa e se ocupa com as coisas do Senhor. Em nossa sociedade é principalmente a mulher que passa para os filhos a formação espiritual.
    O texto também nos fala da laboriosidade da dona da casa. Levanta cedo, se deita tarde, suas mãos são produtoras, ocupa-se sempre em proporcionar bem-estar a todos que estão em casa.
    Essa mulher tem em Nossa Senhora o seu modelo e nela se inspira, diversamente de outras que sacrificam a família e sua própria felicidade para possuir um corpo de acordo com os ditames da época e suas atenções são voltadas para si mesma e não para seus queridos. Maria, a filha querida do Pai, a Mãe de Jesus, a esposa do Espírito Santo e companheira de José é chamada a cheia de graça exatamente porque soube ser a mulher madura, voltada para os outros e disposta a amar plenamente até às últimas consequências. Essa é a mulher ideal, a mulher realizada, feliz! Não possui traumas e nem recalques. É realizada e realiza, consequentemente, seu marido, seus filhos. Ela proporciona realização a todos os que estão a seu lado.
    Essa mulher ouviu os conselhos da segunda leitura da liturgia de hoje, a 1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, quando diz “...sejamos vigilantes e sóbrios”.
    Essa mulher também ouviu a parábola de Jesus contada por São Mateus no Evangelho deste domingo. Ela não enterrou, mas soube fazer frutificar todos os talentos que recebeu. Através do amor ao marido e aos filhos, através da atenção aos empregados, através da caridade para com os pobres, com os doentes e com os necessitados, através da atenção para com os vizinhos e colegas, ela soube multiplicar todos os dons que o Senhor lhe deu.

    E Pe. Bantu Mendonça, da Canção Nova escreve:

    A expectativa e a vigilância convertem-se em responsabilidade pela transformação do mundo. A parábola dos talentos ressalta a vigilância como atitude de quem se sente responsável pelo Reino de Deus. E quem recebeu talentos – e não os faz render – pode ser demitido do Reino por “justa causa”.
    O Evangelho situa-se no quinto e último grande discurso escatalógico, ou aquele que trata do fim último das coisas. O tema básico do discurso é a vigilância, ilustrada pela leitura dos sinais dos tempos, a parábola do empregado responsável, a das virgens prudentes e imprudentes e que vai terminar na festa de Cristo Rei, com o texto sobre o Juízo Final.
    Por trás da parábola dos talentos há um tempo de expectativa e de sofrimento. Na época em que Mateus escreveu o Evangelho, muitos cristãos estavam desanimados diante da demora da segunda vinda do Messias. Além disso, o converter-se à fé cristã acarretava perseguição e até morte. As comunidades se esvaziavam e o ardor por Jesus Cristo esmorecia. O evangelista escreve com o objetivo de reanimar a fé.
    Jesus apresenta-se como um Senhor que, antes de empreender uma viagem, reúne seus empregados e reparte com eles sua riqueza para que a administrem. A um deu cinco talentos, a outro dois e um talento ao terceiro: a cada um segundo sua capacidade. E viajou para longe. No retorno, Ele pede contas. Os dois primeiros fizeram com que os talentos rendessem em dobro. O último devolveu o talento tal qual tinha recebido, pois com medo de arriscar havia enterrado o talento. Curioso é o motivo de tal procedimento. Não tomou tal atitude por preguiça, mas por medo da severidade de seu Senhor. Em consequência, os dois primeiros foram elogiados e recompensados pela eficiente administração e o último foi demitido por “justa causa”.
    No tempo de Jesus um talento era uma soma considerável de dinheiro, e hoje pode ser interpretado em termos de dons ou carismas recebidos de Deus. O trecho demonstra que o importante é arriscar-se e lançar-se à ação em prol do crescimento do Reino de Deus, para que os dons que recebemos d’Ele possam crescer e se frutificar.
    De forma alguma se deve interpretar este texto “ao pé-da-letra”, como se ele tratasse de investimentos e lucros financeiros, pois ele é uma parábola, que é uma comparação usando imagens e símbolos conhecidos.
    Jesus confiou à comunidade cristã a revelação dos segredos do Reino e a revelação de Deus como o “Abbá”, ou querido Pai. Esse dom é um privilégio, mas também um desafio e uma responsabilidade. Nem a comunidade cristã nem o cristão individual podem guardar para si essa riqueza.
    Embora carreguemos “esse tesouro em vasos de barro” (cf. II Cor 4,7), como disse São Paulo, temos que partir para a missão, para que todos cheguem a essa experiência de Deus e do Reino.
    Não é suficiente que estejamos preparados para o encontro com o Senhor. O “outro lado da medalha” é a atividade missionária, que faz com que o Reino de Deus cresça, mediante o testemunho da nossa prática de justiça.
    O terceiro empregado, devolvendo ao Senhor o talento que recebera – nem mais nem menos – em termos de justiça está quite. Ele personifica os membros das comunidades que não traduzem em seus relacionamentos os dons recebidos de Deus ou daqueles que, observando rigorosamente a Lei, se consideram perfeitos cumpridores da vontade do Senhor, mas que, na verdade, desconhecem a exigência fundamental do Messias que é de gratidão e iniciativa. Por isso, são castigados por sua mediocridade.
    Enterrar os talentos é sinônimo de eximir-se da responsabilidade diante da missão que o Ressuscitado confiou a Seus discípulos como Suas testemunhas e continuadores da obra que Ele mesmo recebeu do Pai: salvar a humanidade (cf. At 1,6-11). Enterrar os talentos é privar a comunidade dos dons de que ela está necessitando.
    A omissão é um pecado que prejudica a edificação da comunidade. É instalar-se para não correr riscos. Para aqueles que aderiram à fé, não basta ser bons evitando o mal a fim de serem aprovados como solícitos administradores dos bens do Reino. O que se exige de nós é a capacidade de correr o risco com responsabilidade e compromisso.
    Jesus nos alerta sobre a necessidade de vivermos o tempo presente numa fidelidade ativa como um preparo ao Juízo Final. Quando voltar, o Senhor recompensará os bons administradores com a salvação, isto é, com a alegria de Seu convívio na Jerusalém celeste. Portanto, não enterre o seu talento. Faça-o render a fim de que possa ser recompensado pelo Senhor quando chegar: “Muito bem, empregado bom e fiel. Tu foste fiel negociando com pouco dinheiro, e por isso vou pôr-te para negociar com muito. Vem festejar comigo!”

    As leituras podem ser consultadas aqui!

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